Imagine que você é uma pessoa extremamente sensível que precisa (do verbo “é imprescindível”, “necessidade básica para sobrevivência”) de paz, tranquilidade e doses diárias cavalares de silêncio e quietude para poder funcionar como um ser humano (mais ou menos) normal.
Imagine que seu lar é o ambiente onde você passa quase todas as horas da sua existência, pois trabalha em casa.
Imagine que (por razões que não vêm ao caso, mas são alheias à sua pessoa e sua vontade) esse ambiente se transforme em um lugar onde há ruído quase constante. Vozes, gritos, portas batendo, música, gente indo e vindo, e, durante boa parte do dia, barulho de construção – quebração de paredes, marteladas, serra, furadeira.
Aquilo que você é se quebra em pedaços.
E você começa a contar os estilhaços, sem saber ao certo quanto tempo antes de que não reste mais nada.
Image: Bronx – CC By-Nc-Nd.