20 Años No Es Nada

Folhas de Outono

O ódio ainda está lá,
Sempre, sempre lá, aqui,
Dentro e fora de mim.

Mas hoje quero falar de outra coisa.
Do vento e do sol de outono
Das folhas secas que cantam no chão,
Estalando sob meus pés.

De como eu brincava de ser criança
Procurando as poças de folhas secas,
Fazendo música com o caminhar.

De como aquela casa ainda está lá
E vinte anos realmente não são nada.

Das lembranças que se perderam
E aquelas que ainda guardo.

De como as coisas mudaram
E daquelas que permanecem.

A lembrança de mim
Encontrou-se com a lembrança da casa.
Ambas outras, diferentes, mais velhas.
Ambas ainda de pé, teimosamente.

As ruas, os caminhos mudados
Percorrem as mesmas distâncias
Que meus pés já não conhecem
Com a mesma clareza.

Mas as ruas lá ainda estão, quietas
E eu aqui ainda estou, quieta.
A casa espreita, e eu ainda lembro.
Será que as ruazinhas de pedra ainda lembram?

Image: Kasia – CC By

2 Comentários

  1. Geraldo
    Geraldo May 29, 2012 às 12:38 pm | | Responder

    Olá Nosphe,

    Recentemente comprei o livro Rua dos Cataventos, do Quintana, em seu final diz:

    Pra que viver assim num outro plano?
    Entremos no bulício cotidiano…
    O ritmo da rua nos convida.

    Vem! Vamos cair na multidão!
    Não é poesia socialista…Não.
    Meu pobre Anjo…É…simplesmente…a Vida!…

    Abraço

    1. Nospheratt
      Nospheratt May 29, 2012 às 1:18 pm | | Responder

      Oi! 🙂

      Adorei os versos, obrigada por compartilhar comigo. Amo Quintana. Quintana é poesia em forma de gente. Ou será gente em forma de poesia? ^^

      Beijo!

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